Debate Genética Versus Meio

Debate Genética Versus Meio

Numa das aulas foi realizado um debate que tinha como tema a influência  da genética e do meio no desenvolvimento humano. Foram apresentados e pesquisados os seguintes argumentos:

- Meio

  •  A história do menino selvagem

Um menino foi encontrado numa floresta onde vivia sozinho, há vários anos, com os animais.

Quando o encontraram não falava (suspeitava-se de falta de desenvolvimento no aparelho fonológico), não conhecia regras sociais, não admitia o toque nem conhecia qualquer tipo de instrumentos.

Após estimulação/treino, fazia sons mas nunca chegou a falar, tinha muita dificuldade em utilizar coisas como grafo ou faca, conseguiu aprender algumas regras sociais mas nunca conseguiu ser integrado na sociedade.

 

  • Neurociência

Em sociedade desenvolvemos a linguagem, a plasticidade neuronal e as emoções (diferenciação emocional).

Noam Chomsky, nos anos 50, debateu com outra escola de pensamento sobre o desenvolvimento da linguagem. Chomsky defendia o inatismo. Em 1957, propôs que o cérebro humano tem uma capacidade inata para adquirir linguagem; os bebés aprendem a falar tão naturalmente como a andar. Os inatistas salientam que quase todas as crianças dominam a sua língua materna segundo uma mesma sequência etária, sem ensino formal. Chomsky (1972) que um dispositivo de aquisição de linguagem (LAD) inato programa o cérebro da criança para analisar a linguagem que ouve e para a extrair, a partir disso, as regras da gramática e da sintaxe.

Hoje em dia, a maioria dos desenvolvimentalistas acredita que a aquisição da linguagem, assim como muitos outros aspectos do desenvolvimento, depende da interacção entre natureza e meio. As crianças  ouvintes e surdas provavelmente pssuem uma capacidade inata ara adquirir linguagem, a qual é activada e promovida pela maturação,pelo desenvolvimento cognitivo e pela experiência.

Até meados do séc. XX, os cientistas acreditavam que o cérebro crescia de acordo com um padrão inalterável, determinado geneticamente. Isso parece ser verdade em grande parte, antes do nascimento. Contudo, é hoje maioritariamente aceite que o cérebro é "moldado" pela experiência, sobretudo nos primeiros meses de vida, quando o córtex está ainda a crescer rapidamente e a organizar-se. O termo técnico que esta maleabilidade, ou qualidade de ser modificável do cérebro infantil é plasticidade. Este processo de moldagem continua ao longo da vida, à medida que as células nervosas se modificam quanto à forma e à dimensão, em resposta a estimulação ambiental (M.C.Diamond, 1988; Pally, 1997).

O cérebro necessita de "alimento" perceptivo, sob a forma de estimulação sensorial. Não apenas o desenvolvimento cognitivo precoce, mas também o desenvolvimento emocional nos primeiros tempos de vida, poderão depender da experiência. Os bebés, cujas mães se encontrem severamente deprimidas, revelam menos actividade no lóbulo frontal esquerdo - a parte do cérebro implicada nas emoções positivas, como a felicidade e a alegria - e mais actividade no lóbulo frontal direito - que está associado às acções negativas (G.Dawson, Frey, Panagiotides, Osterling, Hessl, 1997; G.Dawson, Klinger, Panagiotides, Hill § Spieker, 1992).

A privação ambiental extrema durante a infância pode afectar a estrutura do cérebro, provocando problemas cognitivos e emocionais. Uma Tomografia de Emissão Computadorizada do cérebro de uma criança normal mostra regiões de elevada e baixa actividade. Uma Tomografia de Emissão Computadorizada do cérebro de uma criança órfã, institucionalizada após nascimento mostra pouca actividade.

Pesquisas levadas a cabo com animais sugerem que uma experiência sensorial empobrecida durante os primeiros tempos de vida poderá deixar marcas permanentes no cérebro. Por exemplo, numa experiência com gatos bebés equipados com uma protecção que lhes permita ver unicamente linhas verticias, estes cresceram impossibilitados de verem linhas horizontais e colidiam com tábuas horizontais colocadas à sua frente. Outros gatos, cujas protecções lhes permitiam ver apenas linhas horizontais, tornaram-se cegos em relação a colunas verticais (Hirsch § Spinelli, 1970).

 

  • Aborgadem ecológia do desenvolvimento humano

 O sistema de Bronfenbrenner para a compreensão do  desenvolvimento inclui cinco níveis interligados de influencia ambiental: microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e cronossistema.

Quando nascemos, criamos vinculos com os nossos pais. Depois, a criança na escola cria novas relações com colegas e professor. Com o avançar dos anos, o número destas vai aumentando consuante as pessoas com quem convive.

O microssistema é o ambiente quotidiano imediato da família, escola ou vizinhança. inclui relações pessoais face a face com pais, irmãos,amas, colegas e professores, nas quais a influência é interactiva.

O mesossistema é a interacção de vários microssistemas em que a criança está inserida. Pode incluir relaçõe entre casa e escola, como reuniões de pais e professores ou relações entre família e o grupo de pares.

O exossistema refere-se às ligações entre dois ou mais contextos, em que pelo menos um dos quais, a criança não está inserida, mas que afecta a criança indirectamente. Por exemplo, uma mãe, que se sente frustrada no trabalho, pode tratar inadequadamente a criança.

O macrossistema consiste nos padrões culturais: crenças dominantes, ideologias e sistemas económicos e políticos como o capitalismo e o socialismo.

O cronossistema adiciona a dimensão tempo - a influência da mudança ou estabilidade na criança e no meio. Pode incluir alterações na estrutura familiar, local de residência, emprego dos pais, assim como mudanças culturais mais vastas como guerras ou ciclos económicos.

 

  • O cão de Pavlov

gçO condicionalismo clássico ou condicionalismo pavloviano é um processo que descreve a génese e a modificação de alguns comportamentos com base nos efeitos do binómio estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central dos seres vivos. A experiência que elucidou a existência do condicionamento clássico envolveu a salivação condicionada dos cães do fisiólogo russo Ivan Pavlov.

Pavlov queria elucidar como os reflexos condicionados eram adquiridos.
Os cães  salivam naturalmente por comida; assim, Pavlov chamou à correlação entre o estímulo incondicionado (comida) e a resposta incondicionado (salivação) de reflexo incondicionado.
Por outro lado quando um estimulo não provoca qualquer tipo de resposta, denomina-se de estimulo neutro  (som da campainha).
A experiência de Pavlov consistiu em associar um estimulo não condicionado (comida) com a apresentação de um estimulo neutro (som de uma campainha).
Após a repetição desta associação de estímulos verificou  que o  cão aprendeu a salivar perante o estimulo que antes não provocava qualquer resposta (neutro) mesmo na ausência do estimulo incondicionado (comida).
Assim este comportamento  seria denominado de  resposta condicionada  (aprendida).

 

  • Teoria da Vinculação

A vinculação é uma ligação emocional recíproca e duradoura entre o bebé e a figura parental, em que cada um contribui para a qualidade da relação. A vinculação tem um valor adaptativo para o bebé, assegurando-lhe que as suas necessidades psicossociais e físicas são satisfeitas. Como Mary Ainsworth, uma investigadora pioneira na vinculação, referiu poderá ser "uma parte essencial do plano de bases das espécies humanas para o bebé tornar-se vinculado à figura materna".

Quanto mais segura for a vinculação da criança ao adulto que dela cuida, mais fácil parece ser para a criança, por fim, se tornar independente desse adulto e desenvolver boas relações com os outros. A relação entre a vinculação e as características observadas anos mais tarde sublinha a continuidade de desenvolvimento e inter-relação entre o desenvolvimento emocional, cognitivo e físico.

 

  • Teoria do Desenvolvimento

 

 

 Estudo do ser humano como um ser desenvolvimental em constante mudança, que se desenvolve em interacção com o meio que o rodeia. Adopta, principalmente, uma perspectiva ecológica de estudo do ser humano, isto é, estuda o ser humano em todos os seus contextos (família, escola, etc).