Introdução à Psicologia do Desenvolvimento

Introdução à Psicologia do Desenvolvimento

  Psicologia do Desenvolvimento

Quando é que a Psicologia se constitui como ciência?

   Só nos finais do século XIX a Psicologia se autonomizou da Filosofia, e a partir desse momento surgiu como ciência, com objectos, métodos, conceitos e teorias próprias. Já antes de a Psicologia surgir como ciência muitos pensadores se interessavam por assuntos como, a relação corpo alma, a consciências humana, estes procuravam compreender a mente e o comportamento humano através do pensamento e da reflexão, mas não de uma forma científica.

Como? Quais foram as principais correntes e quais os seus objectivos e métodos?

     A Psicologia tem como principais correntes o Associacionismo, o Behaviorismo, Gestaltismo, Construtivismo e a Psicanálise.

    O Associacionismo e Wilhem Wundt tem como objectivo identificar e isolar os elementos (sensações) de forma a explicar os processos mentais complexos, através do método introspectivo.

     No Behavorismo de Watson, o objectivo principal é perceber como se processa a aprendizagem dos comportamentos (como se adquirem, mantêm e desaparecem) com o base no método experimental.

     Relativamente á corrente de Köhler, tinha como objectivo compreender como se organizam os elementos na percepção para formar um todo e determinar os princípios que determinam e organizam a nossa percepção, ou seja, o modo como estruturamos a realidade, através do método clínico.

     No que concerne ao Construtivismo defendido por Piaget, era centrado no desenvolvimento da inteligência infantil. O estudo de Piaget centrou-se no estudo da construção e desenvolvimento do conhecimento humano, visto que o conhecimento é uma construção progressiva de estruturas lógicas. Piaget identificava quatro estádios de desenvolvimento intelectual com características diferentes: o estádio sensório-motor, pré-operatório, operações concretas e operações formais.

     Por fim, temos a corrente defendida por Freud, a Psicanálise que tinha como objectivo compreender como se constroem as estruturas de conhecimento/inteligência e quais os processos metais subjacentes. Esta corrente apresentava-nos o ser humano e as suas motivações. Freud encontra na mente uma divisão entre três elementos, o consciente, pré-consciente e inconsciente. Para alcançar o inconsciente é referenciado processos como a Hipnose e o método psicanalítico.

 

Actualmente, qual é o principal objecto em Psicologia?

     Psicologia é uma ciência que estuda a aprendizagem, a personalidade, a memória, o funcionamento do sistema nervoso a comunicação interpessoal, o desenvolvimento, a agressividade, os sonhos e os processos mentais (pensamentos, percepções, sensações, representações mentais) e comportamentais (actos, reacções observáveis) do ser humano e dos animais.

     O objecto da psicologia é o estudo científico do comportamento (reacções observáveis) e os processos mentais e da relação entre eles (sentimentos, emoções, fantasias – não podem ser observáveis directamente).

 

E os principais métodos e técnicas?

     Os principais métodos da Psicologia são os seguintes: método introspectivo, método da observação, método experimental, método clínico e por fim o método psicanalítico.

     Relativamente às técnicas, existem os testes, inquéritos e entrevistas.

 

Quais as principais diferenças entre os conhecimentos da ciência e do senso comum?

     O conhecimento do senso comum baseia-se na experiência quotidiana das pessoas, na chamada experiência de vida (que se distingue da experiência científica por ser feita sem um planeamento rigoroso, sem método). Nalguns casos trata-se de experiências pessoais, noutros casos são experiências partilhadas pelos membros da comunidade – no decurso do processo de socialização. Em suma, é um conhecimento que se adquire sem estudos, sem investigações.

     O senso comum é um saber assistemático, na medida em que constitui um conjunto disperso e desorganizado de crenças (algumas constituem conhecimentos e outras não), não implicando por parte dos seus detentores um esforço de organização. Por isso, algumas das crenças podem ser contraditórias. Ciência é um saber sistemático na medida em constitui um conjunto organizado de conhecimentos, havendo da parte dos cientistas um esforço para que as diversas teorias se articulem entre si e sejam coerentes.

     O senso comum é um saber impreciso, na medida em que normalmente não se exprime de modo rigoroso e quantificável. A ciência é um saber mais preciso, que o senso comum. As diversas ciências, naturais ou sociais, recorrem sempre que possível à Matemática, na tentativa de apresentar resultados rigorosos. Mesmo nas investigações em que não é possível quantificar (a observação psicológica de uma certa pessoa, por exemplo) existe essa procura do rigor.    

     O senso comum é um saber superficial, na medida em que se conhece os próprios fenómenos mas muitas vezes desconhece-se as suas causas verdadeiras causas. Conhece-se o “é assim”, mas não o porquê de ser assim. A ciência é um saber mais aprofundado, na medida em que procura descobrir a causa dos fenómenos.

     O senso comum é um saber subjectivo ou pessoal, pois a sua aquisição depende das condições de vida, que não são iguais para todos os homens. É influenciado pela época histórica, pela cultura, pelos grupos sociais a que se pertence, pelo meio ambiente em que vive, pela idade, pela profissão, personalidade, etc. Por isso, uma determinada crença do senso comum nunca é universal. Algumas dessas crenças variam de pessoas para pessoa, outras variam consoante o grupo social ou a sociedade. Seja como for, nunca são partilhadas por todos os seres humanos. A ciência, pelo contrário, procura alcançar um saber objectivo. Ou seja: tenta mostrar as coisas (o objecto) como elas são, independentemente dos gostos e interesses do sujeito.

     O senso comum é um saber acrítico. Acrítico significa não reflectido, não examinado. É compreensível que assim seja, pois trata-se de saberes cuja aprendizagem é informal: aprende-se à medida que se vai vivendo e tendo experiências, aprende-se vendo, ouvindo e imitando os outros. Muitas vezes essa aprendizagem é inconsciente: as pessoas não têm noção de que estão a aprender, mas vão interiorizando crenças, costumes, saberes práticos, etc. Tanto podem aprender crenças verdadeiras como crenças falsas e injustificadas (superstições). De resto, essa atitude acrítica tem a ver com todas as características do senso comum aqui referidas. A ciência não pode ser acrítica como o senso comum. Pelo contrário, implica uma atitude crítica por parte dos cientistas. Ou seja: para fazer ciência é preciso reflectir, pensar pela própria cabeça, e ter uma preocupação permanente com a fundamentação das ideias. Os cientistas devem ter essa atitude crítica relativamente às suas próprias ideias e relativamente às ideias dos outros. De resto, essa atitude crítica tem a ver com todas as características da ciência aqui referidas.

 

Psicologia Aplicada: Qual o objecto e os principais métodos na Psicologia do Desenvolvimento?

     A Psicologia Aplicada é um ramo da Psicologia com objectivos específicos que faz uso de todas as descobertas e princípios científicos alcançados pela "árvore mãe" a Psicologia.
Paralelamente ao desenvolvimento teórico e científico da Psicologia, proporcionado pelas diversas correntes científicas, um outro processo - o da sua aplicação - era fundamental, assim nascia a Psicologia Aplicada, com a necessidade de passar do campo teórico para o campo prático.

    A Psicologia do Desenvolvimento tem como objectivos a investigação dos processos que, se alteram durante o curso da Vida, na infância, na adolescência e na idade adulta. A Psicologia do Desenvolvimento é a ciência que foca os seus interesses na área do crescimento humano. O objecto da Psicologia do Desenvolvimento centra-se nas mudanças da estrutura física, neurológica, glandular, no comportamento, das estruturas psicológicas e dos traços de personalidade, mantendo sempre uma sequência regular.

Apesar de não existir uma classificação pré-definida dos métodos a utilizar, foram designados possíveis métodos para a Psicologia do Desenvolvimento: método de diagnóstico, método de intervenção, método nomotéticos (visam a lei geral) em contraste com o método idiográfico (visam o caso particular), método clínico (uso da entrevista, especialização no estudo aprofundado de um determinado indivíduo), método experimental, método correlacional (estudos descritivos que partem da observação de fenómenos, que não implicam nem ligações causais, nem variáveis), método dos testes (os participantes submetem-se a provas padronizadas), método antropológico e transcultural (estudos de campo em culturas diferentes), método longitudinal (relacionam-se com os efeitos do tempo manifestados ao longo da idade) em contraste com o método transversal (relacionam-se com a observação de grandes grupos de indivíduos de diferentes idades), narrações literárias (ajudam a compreender os fenómenos da adolescência), estudo de “investigação-acção” (difere do estudo de observação por partir duma linha de base ou ponto de partida). Dos métodos referidos, a Psicologia do Desenvolvimento centra-se maioritariamente no contraste dos métodos longitudinais com os métodos transversais.